ANÁLISE DAS CHAPAS: QUEM É QUEM?




1. Análises das chapas: quem é quem?


O período de eleições para DCE abre espaço para que haja um debate acerca dos rumos do Movimento Estudantil (M.E.). É nesse momento que é válido reavaliar as atuações das forças políticas existentes, seu papel desempenhado e o sentido para o qual apontam. Apesar da enorme quantidade de chapas, podemos sistematizá-las em três grandes grupos, ainda que as próprias chapas tenham dificuldade de se reconhecer como tal: os governistas, os para-governistas e a direita explícita.

O primeiro grupo se subdivide em três forças, compostas pelas chapas 1 – Junt@s Somos Mais, 4 – Canto Novo e 6 – DCEntralizar para Unificar, todas elas saídas da última gestão do DCE. Compostas por PT, PSB e o antigo MR-8, tais chapas representam uma continuidade com o governismo, sendo uma correia de transmissão das políticas governamentais e da Reitoria no M.E. e limitando-se a críticas secundárias. Sob o pseudo-discurso de pluralidade, reside um vínculo umbilical entre tais chapas e programas como REUNI, o novo PNE, PROUNI, etc. O “pluralismo” serve como uma máscara para seus reais programas (que as chapas raramente expõem de modo explícito), tal como os estudantes da FCE experimentaram na pele em sua recente ocupação de reitoria através do conchavo do DCE com a Reitoria e seu compromisso político da defesa intransigente do REUNI. São as chapas principais da vendida UNE na UnB.

As chapas 2 – Pra mudar a UnB e 5 – Mobiliza UnB, compostas por PSTU e PSOL respectivamente, ainda que façam uma oposição formal à atual gestão do DCE e ao governo, não rompem nem programática nem organizacionalmente com o governismo - por isso paragovernistas. Como exemplo, vemos a defesa do PSOL da ultra-governista UNE e sua tática eleitoreira reinante. Já o PSTU, que diz ser oposição à UNE, defende sistematicamente  unificar suas pautas com as da UNE, como que, se para fazer tal união, o próprio PSTU não teria que passar para o campo do governismo.

Por fim, há duas chapas de direita. A chapa 3 – Transparência, Unidade e Ação representa o que há de mais nefasto no M.E.: uma união com a extrema-direita (que cobre um vasto arco que vai desde ex-candidatos do DEM a fascistas declarados) e a gangue da UJS, cuja atuação é bem conhecida: aparelhamento de entidades por meio de golpes, uso da violência para defender intransigentemente o governo e seus interesses eleitorais, etc. A chapa 8 – Aliança Pela Liberdade, por sua vez, representa a direita liberal “apartidária” que se diz “a-ideológica” e que quer nos fazer crer piamente que sua atuação não é mediada por ideologias que se opõem à própria existência da universidade pública. Escondem desonestamente suas perspectivas políticas sob o manto da “excelência acadêmica” e outros jargões “apolíticos” que dizem pouco ou nada de concreto para poder encobrir uma visão elitista e neoliberal acerca da educação pública.

Na atual conjuntura de agravamento da crise capitalista e da ascensão da mobilização de estudantes e trabalhadores no mundo todo em defesa da educação pública contra os ataques do capital financeiro (Chile, Grécia, Inglaterra, Espanha), já está mais do que na hora do M.E. responder na mesma medida aos ataques dos governos e patrões, romper com o imobilismo imposto pelo governismo e lutar pela construção de uma universidade popular. Por isso, nós da chapa 7 – DEMOCRACIA E AÇÃO DIRETA apresentamos nessa eleição para DCE, um programa de lutas que vai muito além da própria eleição, a fim de unificar as lutas estudantis e proletárias na UnB e no Brasil.

CHEGA DE APATIA E BUROCRAVIA: POR UM DCE DEMOCRÁTICO E A SERVIÇO DAS LUTAS!



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2. Corporativismo, apoliticismo e apartidarismo


Muito se argumenta, durante o período eleitoral do DCE, que parte expressiva do movimento estudantil centra sua atenção em assuntos externos à universidade, alheios às mais prementes demandas estudantis e aos interesses particulares da universidade. O distanciamento entre as demandas pragmáticas e as pautas do movimento se agravaria, costumam dizer, pela intromissão de partidos políticos que instrumentalizariam o movimento estudantil para realizar seus fins particulares.
 
Por trás de tal visão, reside um profundo corporativismo acerca da natureza e limites da luta estudantil. Não é possível, no entanto, separar problemas da educação de uma realidade social mais ampla, que produz as condições, os meios e os fins do sistema educacional. Não há visão mais ingênua do que crer que as contradições da UnB não correspondem a uma expressão particular das contradições sociais às quais estamos submetidos. Desse modo, por trás de problemas aparentemente triviais existe uma longa cadeia de conflitos sociais que determinam o modelo educacional existente. Engajar-se nesses conflitos significa, de igual modo, engajar-se pela defesa da educação pública.

Vistos de um panorama mais amplo, portanto, não há um conflito entre as lutas “externas” e demandas específicas e pragmáticas. Não se engaja em lutas mais amplas em detrimento das lutas setoriais – pelo contrário, são nas lutas mais gerais que se realizam de forma plena, universal, nossas lutas contra a precarização cotidiana com a qual convivemos.

Contra o apartidarismo, podemos dizer que não se faz política no vácuo. Mesmo estudantes que crêem se engajar de modo apartidário acabam, no curso prático de suas atuações, por endossar uma visão política-ideológica qualquer, encontre ela referência partidária ou não. A existência de correntes políticas organizadas não esvazia o movimento, como costuma dizer, mas sim o enriquece – é por meio do conflito entre visões divergentes que se dá o processo dialético de construção de uma atuação política mais ampla e efetiva. Parte da aversão dos estudantes por partidos se dá não pela existência dos partidos em si, mas pela atuação destes, em especial na subordinação dos interesses do movimento aos fins eleitorais burgueses que almejam. Nós da Chapa Democracia e Ação Direta repudiamos veementemente a submissão do M.E. às instâncias políticas do Estado capitalista através de seu uso eleitoral, mas não somos contrários à existência de organizações políticas e partidos não-eleitorais que façam uma disputa política no rumo do movimento.




3. A Ação Direta


O método de luta compatível com um programa classista e combativo é a Ação Direta. O que pretendemos dizer com Ação Direta? Sucintamente significa tomar o destino nas suas próprias mãos, não o delegando a terceiros. Na luta de classes, a Ação Direta diz respeito a atuações política da classe trabalhadora exercida através da democracia proletária e não sendo mediada pelo parlamentarismo “democrático” do Estado capitalista.

É por meio do seu protagonismo que estudantes e trabalhadores são capazes de transformar sua própria realidade e a sociedade que os circundam. Isso não significa que a Ação Direta seja um fim em si mesmo, mas sim que é um método privilegiado de luta, que exerce a solidariedade entre os oprimidos e que rompe com os limites da ação política imposto pelo Estado.

Dentro da UnB, um dos meios utilizados pela Reitoria para desmobilizar os estudantes, quando apresentamos determinada reivindicação, é através de mesas/comissões de enrolação ou audiências públicas. Estas buscam conciliar posições contrárias e na maioria das vezes as demandas estudantis simplesmnete não são atendidades. A última gestão governista do DCE foi também uma das principais patrocinadoras destes meios burocráticos que não trazem avanço para as lutas. Os estudantes da FCE quando ocuparam a Reitoria mostraram o poder da Ação Direta.



4. Democratização do ensino superior e luta de longo prazo


Se o movimento estudantil pretende romper o corporativismo e ver-se enquanto agente de transformações sociais mais amplas terá que necessariamente articular suas pautas mais imediatas com uma visão geral sobre o modelo de educação que pretende construir. E não há outro sentido que o curso das lutas estudantis deve tomar que não seja o da democratização do ensino superior.

O Movimento Estudantil deve visualizar, em cada uma de suas lutas específicas, um encadeamento prático e lógico que leva a um crescimento qualitativo e quantitativo de sua atuação em direção à universalização do ensino superior público. Isso não significa que um DCE pode implementar o fim do vestibular em uma data específica, mas sim que pode dar um encaminhamento de suas lutas nessa direção. É o devir do movimento estudantil da nossa geração se engajar nessa tarefa histórica. Caso nós não o façamos, estaremos andando em círculos, subtraindo do M.E. qualquer capacidade transformadora revolucionária.

Atualmente o ensino superior no Brasil exclui a grande maioria da juventude brasileira, onde apenas cerca de 15% dos jovens entre 17 e 24 anos estão nas universidades e faculdades (privadas ou públicas). Ou seja, a grande massa do povo trabalhador e seus filhos que sustentam através de seu trabalho e impostos a nação brasileira estão excluídos desta esfera de ensino. Em nossa visão o ensino superior não deve ser um privilégio e sim um direito e deveria ser democratizado através do fim do vestibular, já que cotas são positivas, porém limitadas. Outros países como a Argentina mostram que esta realidade é possível.

Não podemos também nos imobilizar em virtude de problemas técnicos referentes ao fim do vestibular. Precisamos confluir nossas diversas lutas no sentido do fim do vestibular. As condições técnicas e orçamentárias que tornarão isso possível não nos são possíveis saber de antemão; elas apenas serão factíveis no desenlace das nossas mobilizações.

Nossa proposta de luta se refere a uma estratégia de longo prazo que não pode ser implementada imediatamente. Propomos um norte que guie nossas lutas cotidianas. Contra todos aqueles absorvidos no pântano do comodismo, da “briga por esmolas”, e do “imediatismo pragmático”, respondemos: nosso caminho é longo, árduo e duro – mas é o caminho da luta, e não o da resignação. 




Sobre o papel da UNE

A atual UNE – União Nacional dos Estudantes não é mais aquela que lutou bravamente contra a ditadura civil-militar e por uma educação popular nos anos 60 e 70. Nos dias de hoje, a UNE (dirigida pela UJS há cerca de 20 anos através de fraudes e burocracias) é apenas um instrumento do Governo Federal para a contenção da luta estudantil. Recebendo mais de 10 milhões do governo para se manter de bico fechado, a UNE defende (ao lado do Banco Mundial/FMI) as reformas neoliberais que atacam a Educação Brasileira (Reuni, Prouni, PNE, etc). Desmascarar o papel da UNE, representada pelas chapas 1, 3, 4, 5 e 6, é um imperativo para colocar o movimento estudantil novamente no caminho das Lutas e Vitórias!


O que é o novo PNE?

O novo PNE – Plano Nacional de Educação são as metas e estratégias que guiarão as macro-políticas de educação do Brasil para os anos de 2011 até 2020. Porém, o novo PNE não é algo que irá melhorar a educação pública, oferecendo acesso com a qualidade aos filhos do povo nos quatro cantos do país. Prevendo continuar o repasse de verbas públicas à inciativa privada, através do Prouni, agora propõe o Pronatec para as escolas técnicas, que irá repassar verbas para o Sistema S (Sesi, Senai, Senac etc.). Prevê um ínfimo aumento da porcentagem do PIB para educação: 7% até 2020! Com tão pouca verba para educação, o fomento indiscriminado do Ensino à Distancia - EaD (inclusive para o mestrado e doutorado) foi a solução barata e rápida encontrada pelo Governo Dilma/PT para precarizar ainda mais a educação, retirando a importância da relação professores-aluno e do tripé ensino-pesquisa-extensão. Por isso devemos combater este ataque à educação brasileira!

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Pela construção de um DCE baseado na independência, na ação direta, na unidade das lutas e na democracia de base! Por uma Universidade Popular!


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Eleições DCE-UnB 25 e 26/10
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